Vacinar contra a gripe protege crianças e adolescentes mas também as famílias e a comunidade

Vacinar crianças e adolescentes contra a gripe sazonal é uma forma de os salvaguardar de complicações e eventuais hospitalizações, mas igualmente de defender as suas famílias e a própria comunidade.

Foi esta a mensagem central transmitida aos participantes nas 19as Jornadas da Sociedade de Infeciologia Pediátrica, realizadas em Monte Real, no âmbito de um simpósio promovido pela AstraZeneca, com base na experiência de Espanha na implementação da imunização universal de crianças e jovens contra o vírus Influenza. No país vizinho, a vacina viva atenuada intranasal trivalente, em particular, comprovou ser eficaz e bem aceite a partir dos dois anos de idade.


Lucía López Granados

Em Espanha, as primeiras recomendações de amplitude nacional emanadas de uma sociedade científica para a vacinação antigripal pediátrica surgiram em 2021, referiu Lucía López Granados, pediatra dos cuidados de saúde primários que trabalha no Serviço de Saúde de Madrid (Centro de Salud La Rivota – Alcorcón) e que é membro do Comité Consultivo de Vacinas e Imunizações da Associação Espanhola de Pediatria (AEP).

De acordo com a especialista, que se deslocou a Monte Real para intervir nas 19.as Jornadas da Sociedade de Infeciologia Pediátrica, a vacinação antigripal é muito importante porque, como sublinhou, “a gripe é uma ameaça constante”. E especificou que, anualmente, esta doença é responsável por quase 9 milhões de hospitalizações e cerca de 110 mil mortes em idade pediátrica. Além do mais, frisou, “as crianças, os adolescentes e os jovens adultos são os principais transmissores do vírus Influenza”.

”Em Espanha, nos últimos anos, verificámos a ocorrência de um primeiro pico de infeções nas crianças duas semanas antes dos surtos começarem a surgir entre os adultos. Na realidade, são quase sempre os pediatras que, em cada época gripal, observam os primeiros casos de gripe, antes mesmo dos médicos de família os detetarem entre os seus utentes. Por outro lado, as crianças passam muito tempo com os avós e é comum transmitirem a infeção a estes cuidadores, que constituem um grupo populacional muito vulnerável”, afirmou Lucía López Granados.

Note-se, a este propósito, que dados provenientes do país vizinho (Instituto de Saúde Carlos III – Centro Nacional de Epidemiologia) mostram que os casos de hospitalização motivados por gripe são muito mais elevados (e similares em magnitude) nas faixas etárias entre os 5 e os 14 anos e acima dos 65 do que na população entre os 15 e os 64 anos. Assim, no entender da palestrante, torna-se evidente que “a vacinação contra a gripe em idade pediátrica pode ser uma das medidas com maior impacto na redução da carga global desta doença, protegendo não apenas as crianças – o objetivo principal da imunização – mas também os adultos seniores, grupo em que a vacinação é muitas vezes menos eficaz devido à sua imunossenescência”.



Vacinar as crianças produz resultados positivos no imediato 

Em 2022, o Ministério da Saúde espanhol emitiu a recomendação de se vacinarem todas as crianças entre os 6 e os 59 meses de idade, de forma universal e gratuita. Essa medida foi, aliás, logo colocada em prática nesse ano nas comunidades autónomas da Galiza, de Múrcia e da Andaluzia e na temporada vacinal seguinte em todo ao país. Nalguns locais optou-se pela vacina intramuscular, noutros pela vacina intranasal.

“No ano de 2024 publicámos na Eurosurveillance um artigo que fez a revisão breve dos resultados alcançados em todo o país com a campanha de vacinação. A efetividade da vacinação infantil foi calculada em 70%, com redução de consultas nos cuidados de saúde primários de 70% e de hospitalizações em cerca de 77%”, reportou Lucía López Granados.



Um grupo de investigadores espanhóis já conseguiu determinar, através de inquéritos apresentados aos profissionais de saúde, que 80% dos mesmos consideram a disponibilidade de uma vacina intranasal para crianças acima dos dois anos de idade uma boa opção.

“Entre as razões que justificam esta opinião está a elevada aceitabilidade da vacina intranasal por parte das crianças, a facilidade de administração, a imunidade dupla (local e sistémica) e o facto de alguns estudos apontarem para uma maior efetividade face à vacina intramuscular neste grupo etário”, afirmou a pediatra. 

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