«Vamos criar a Consulta do Pé Diabético, em articulação com a Cirurgia Geral da ULS Santa Maria»
"Entendemos que será benéfico iniciar essa consulta na nossa USF, fora de portas de Santa Maria", afirma Francisco Carvalho, coordenador da USF Professor Guilherme Jordão desde a sua criação, em 2021.
Em entrevista à Just News, o médico não esconde o orgulho na criação da futura Consulta do Pé Diabético, que será implementada a curto prazo, em articulação com o Serviço de Cirurgia Geral da ULS de Santa Maria, que já a disponibiliza.
Francisco Carvalho
E como se irá processar a consulta? "A colega hospitalar desloca-se aqui e nós garantimos todo o apoio de enfermagem e administrativo, disponibilizando o espaço no hospital e trazendo esta resposta para a comunidade, o que representa um ganho acrescido para os nossos pacientes."
E adianta: "Possivelmente, poderemos ainda receber utentes das USF mais próximas."
Esta nova valência, assim como a Consulta de Apoio Intensivo à Cessação Tabágica, que representa uma "resposta importante da ULS de Santa Maria", são demonstrativos da proatividade que caracteriza a equipa. O facto de a relação de trabalho já ser longa tem contribuído para a fluidez de comunicação entre todos, que se repercute na qualidade dos cuidados prestados aos utentes.
"Nós não somos feitos por fatias"
O coordenador da USF Professor Guilherme Jordão reconhece que não podia estar mais satisfeito com os profissionais que foi selecionando para integrar a equipa, sublinhando ter "um enorme apreço pela qualidade técnica de todos quantos aqui trabalham e uma grande confiança naquilo que fazem".
E acrescenta: "Conheço bem as particularidades e as competências de cada um. Enquanto coordenador, sinto-me muito tranquilo com a equipa que tenho."
Francisco Carvalho define os médicos de família como “os especialistas da generalidade”, sendo que “a nossa expertise prende-se com encontrar a agulha no palheiro”. E desenvolve:
“Nós não somos feitos por fatias; somos um todo e, muitas vezes, a queixa do doente pode referir-se a vários órgãos e sistemas. A nossa missão é descobrir os problemas e, dependendo se sabemos tratá-los ou não, fazer a sua abordagem ou referenciar o doente para a especialidade mais indicada”.
Acresce neste generalista a “missão de abordar os domínios preventivos das doenças e promocionais da saúde”. Reconhecendo que “a vida dos médicos é lidar com pessoas, e não só com os seus problemas, mas também com as alegrias”, o coordenador afirma que “é inevitável aprender-se muito com os doentes, sobre a vida e mesmo sobre a ciência médica, o que é um valor acrescido para a nossa própria aprendizagem”.
“O foco da USF sempre foi a pessoa e não os números”
Rita Molinar, a médica que assegura as funções de coordenação de Francisco Carvalho nas suas ausências, é um dos elementos que
transitaram da UCSP de Sete Rios e que participaram no processo de candidatura para a constituição desta USF, realizado em setembro de 2017.
“A nossa grande mais-valia é sermos uma equipa que se relaciona bastante bem e tem uma dinâmica muito familiar e uma comunicação inter e intramicroequipas muito fluida, e isto só acontece porque nos escolhemos verdadeiramente uns aos outros”, destaca.
Rita Molinar
São diversos os eventos de team building realizados, dentro e fora de portas, o que contribui para “manter um ambiente de trabalho muito familiar, que se espelha na facilidade de articulação de cuidados e de seguimentos, o que é uma mais-valia para os nossos utentes”.
Rita Molinar avança que “o foco da USF sempre foi a pessoa e não os números”, notando que, apesar de a USF ser classificada como modelo B, os seus elementos não se encontram ainda a receber os incentivos remuneratórios em função do desempenho, uma vez que, na transição de 2023 para 2024, não cumpria o IDG de 60 que era exigido.
“Vários componentes eram avaliados a 3 anos, quando nós não tínhamos esse período de funcionamento”, explica, referindo que têm trabalhado agora para atingir um IDE de 65.
A sedimentação da Consulta de Apoio Intensivo à Cessação Tabágica
Desde o arranque da USF Professor Guilherme Jordão que Rita Molinar realiza a Consulta de Apoio Intensivo à Cessação Tabágica, uma das duas que atualmente são disponibilizadas na ULS de Santa Maria. Todos os utentes da ULS podem aceder a esta consulta por referenciação interna ou iniciativa própria. Contudo, neste momento, a lista de pedidos reflete-se em cinco meses de espera para primeira consulta.
“Já tenho três enfermeiras a trabalhar comigo, bem como uma psicóloga que vem de Sete Rios semanalmente, contudo, continuo a ser a única médica”, informa, acrescentando que dedica quatro horas semanais a esta atividade.
Trata-se de uma consulta que Rita Molinar começou a realizar durante o internato de MGF, desafiada pelo seu orientador, Rui Alves, tendo vindo a frequentar, desde então, várias formações.
Avaliando o panorama atual, considera que “o Programa Nacional de Prevenção e Controlo de Tabagismo da DGS é um dos que ficaram num limbo com a extinção das ARS”. Em Lisboa e Vale do Tejo, o problema adensou-se com a reforma do seu coordenador regional, Luís Rebelo, e da sua diretora, Emília Nunes”. Do seu ponto de vista, este tipo de lacunas “são extensíveis a outras áreas, como as da saúde oral e escolar”.
A reportagem completa pode ser lida na edição de novembro do Jornal Médico dos Cuidados de Saúde Integrados.