«Reverter a malnutrição no idoso permite restabelecer o peso corporal e força muscular»

A manutenção de um estado nutricional adequado é fundamental para a saúde e bem-estar dos idosos e tem um impacto favorável no processo de envelhecimento.

É importante estar atento aos diferentes fatores que promovem a depleção do estado nutricional do idoso e atuar precocemente, uma vez que o idoso integra um dos grupos de maior risco para o desenvolvimento de malnutrição.

A malnutrição, ou malnutrição associada à doença, define-se pela ingestão alimentar insuficiente para satisfazer as necessidades nutricionais diárias e traduz-se na redução de peso não intencional, pela perda de massa muscular.

A sarcopenia, a fragilidade física e o comprometimento do sistema musculoesquelético, incluindo a osteoporose e a osteosarcopenia, associados à presença de malnutrição no idoso, têm um impacto negativo na qualidade de vida, pelo comprometimento do estado funcional e pelo aumento do risco de complicações clínicas, como o risco de quedas e fraturas, (re)admissões hospitalares, prolongamento do período de internamento e incapacidade na realização das atividades do dia-a-dia.

Os idosos necessitam de obter diariamente um aporte proteico suficiente para manter a síntese de massa muscular, através da ingestão de proteínas de alta qualidade. Para a manutenção de uma adequada massa muscular nos idosos recomenda-se a ingestão proteica de 1,0 a 1,5 g/kg/dia, com um aporte por refeição principal de cerca de 25 a 30 g de proteínas e de 2,5 a 3 g de leucina, para estimular ao máximo a síntese de proteína muscular.

De acordo com as diretrizes nutricionais, os suplementos nutricionais orais, em complemento da alimentação habitual, representam uma solução clínica eficaz e não invasiva no tratamento da malnutrição associada à sarcopenia, fragilidade e/ou comprometimento do sistema esquelético no idoso. A gestão nutricional passa por garantir um correto e suficiente aporte nutricional, em combinação com exercício físico adaptado e gestão farmacológica, se aplicável.


Célia Lopes

A terapêutica nutricional com recurso à suplementação nutricional oral deverá assegurar a dose nutricional efetiva de pelo menos 400 kcal. Para melhorar os resultados clínicos  e promover a saúde musculoesquelética, a suplementação nutricional oral deverá, também, conter alto teor em vitamina D e em cálcio.

O aconselhamento nutricional detalhado, assim como estabelecer uma comunicação positiva com o utente/familiar/cuidador, é fundamental para assegurar e potenciar uma correta adesão à suplementação nutricional oral.

É necessário explicar as razões para a recomendação da toma, os benefícios da suplementação nutricional, os diferentes sabores e consistências disponíveis e o modo de utilização (ex.: beber lentamente entre as refeições ou à ceia, introduzir a suplementação progressivamente nos primeiros 3 a 5 dias, pode ser ingerida refrigerada, à temperatura ambiente ou sob a forma de gelado, e deve ser agitada antes de abrir).



Reverter a malnutrição, com uma intervenção nutricional atempada e personalizada, permite restabelecer o peso corporal, massa e força muscular, reduzindo o risco de incapacidade e
dependência no idoso.

Os suplementos nutricionais orais, com benefícios nutricionais adicionais na gestão nutricional da malnutrição associado ao envelhecimento, devem ser introduzidos o mais precocemente possível, sempre que necessário, de forma a evitar a progressão da perda de funcionalidade muscular e garantir que os idosos mantêm as atividades do dia-a-dia, devidamente integrados na sua vida social e familiar.

O artigo pode ser lido na edição de fevereiro do Jornal Médico dos Cuidados de Saúde Primários, no âmbito de um Especial dedicado à .ª Reunião do Grupo de Estudos de Geriatria da SPMI.

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