A Autoimunidade «é uma área nobre da Medicina Interna»
Entre os dias 4 e 6 de fevereiro a Associação Medinterna, presidida por Carlos Dias, organiza a sua 14.ª reunião. Em entrevista, o responsável mostra-se satisfeito com a dimensão que o evento alcançou ao longo dos anos. A reunião, que inicialmente era de âmbito nacional, passou a contar com a presença de diversos palestrantes internacionais e participantes de todo o mundo.
O título da edição deste ano é "Novos desafios em Autoimunidade". Questionado sobre que desafios são estes, Carlos Dias explica:
"Sobretudo no que se refere às novas terapêuticas nas várias áreas da Autoimunidade. Fala-se muito da terapêutica biológica. Estes fármacos são caros e não há muitos. Há algumas restrições à prescrição de biológicos e há grandes avanços nestas terapêuticas que são armas importantes para o tratamento destas doenças. Em muitos casos os doentes ficam completamente bem. Além disso, há desafios de diagnóstico em algumas áreas, como, por exemplo, nas vasculites, na síndrome antifosfolipídica, entre outras."
Relativamente aos palestrantes estrangeiros que participarão na reunião, indica serem "cerca de 40, sendo que, destes, dois vêm desde a primeira edição: o Prof. Yehuda Shoenfeld, de Israel, que é o grande senhor da autoimunidade, que organiza grandes congressos desta área, como por exemplo o Congresso Mundial de Autoimunidade, o Congresso Asiático de Autoimunidade e o Congresso Latino-Americano; e o Prof. Ricard Cervera, de Barcelona, também é uma figura de destaque na área."
O programa do evento pode ser consultado aqui.
Doenças de tratamento e diagnóstico difícil
Para o coordenador da Unidade de Doenças Autoimunes do Hospital de São João/CH de São João, a Autoimunidade é uma “área nobre da Medicina Interna” por se dedicar a doenças de tratamento e diagnóstico difícil.
Refere ainda que, "além de ser uma área de que gosto, é muito transversal a outras especialidades, desde a Reumatologia, a Imunologia Clínica, a Oftalmologia, a Nefrologia e a Pneumologia, entre outras".
Questionado sobre o que o atraiu na Autoimunidade, afirma que "foram estas dificuldades todas e, por outro lado, o facto de serem doenças sistémicas. Como internista, isto é uma aprendizagem."
Para o responsável, "é como se fosse um reflexo condicionado: quando vemos um doente que tem, por exemplo, uma uveíte, além de olharmos para esse problema, observamos o doente no seu todo. Sabemos imediatamente que é possível que não seja só o olho a ser atingido. Haverá outros órgãos e estudamos o doente nesse sentido."
E acrescenta: "De facto, os internistas procuram integrar todos os atingimentos (pele, pulmões, coração, rins e outros órgãos) e encontrar uma doença que explique todo esse atingimento."
A entrevista completa com Carlos Dias pode ser lida no Jornal da 14th MedInterna Internatonal Meeting.