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Bastonário elogia o «trabalho extraordinário» dos médicos de família

O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, não poupou nos elogios à Medicina Geral e Familiar (MGF) ao intervir esta quinta-feira na cerimónia de abertura das III Jornadas Multidisciplinares de MGF, que decorrem no Porto.


“A MGF teve um desenvolvimento brutal no nosso país, quer em termos de carreira como de formação, prática clínica e organização de reuniões que contribuem para o desenvolvimento científico do médico de família”, afirmou o responsável.



Aquele responsável realçou, sobretudo, o “trabalho extraordinário” que é reconhecido além-fronteiras e que se viu no combate ao novo vírus, aproveitando para recordar e destacar um "dado impressionante" de um estudo divulgado em julho:

“Cerca de 96% dos casos covid-19 foram acompanhados por vocês; salvaram milhares de vidas, orientando os doentes em casa e referenciando para o hospital quando necessário.”


Miguel Guimarães

Miguel Guimarães lamentou que o impacto deste esforço e empenho nem sempre seja reconhecido, tendo dado como exemplo o facto de o Presidente da República ter elogiado apenas os intensivistas, como se fossem “os heróis da pandemia”.

Apesar de considerar que a Medicina Intensiva e outras especialidades também foram essenciais no tratamento dos doentes infetados, fez questão de enfatizar o trabalho dos médicos de família, que ficaram com a maioria dos casos de covid-19.

A sobrecarga de tarefas covid desde março de 2020 foi uma das muitas críticas que teceu ao Ministério da Saúde, tendo revelado que, há cerca de dois meses, enviou uma carta à ministra da Saúde, Marta Temido, alertando para a atual situação da MGF:

“É absolutamente essencial libertar os MF para poderem dedicar-se à sua missão principal, àquilo que mais sabem fazer. Devem ser retiradas as tarefas covid, contratando-se outros médicos [para o fazerem], nem que seja através de empresas
de prestação de serviços.”

O bastonário defendeu, assim, que neste período de recuperação da atividade assistencial que ficou para trás por causa da pandemia, é necessário dar melhores condições aos médicos de família. “O prejuízo é para os MF, sobretudo para os internos em formação, mas também para os doentes”, frisou.



Alvo de críticas foi também o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, pelas considerações que teceu sobre a formação em MGF: “Foram as declarações mais infelizes que já ouvi sobre a MGF, tanto que ainda hoje recebi uma carta de apoio da parte do Conselho Europeu das Ordens Profissionais.”

Na sua opinião, além de não fazer qualquer sentido menosprezar a formação da MGF, também não se deve anunciar a abertura de novas escolas médicas, inclusive no setor  público, por escassez de profissionais: “Faltam médicos apenas no Serviço Nacional de Saúde porque o Governo ainda não deu as condições adequadas para que, no final do internato, queiram ficar no SNS ou, sequer, no país.”

Considerando ainda que a Tutela tem tratado os MF como “escravos” no decorrer do último ano e meio, voltou a elogiar os médicos de MGF, considerando que são “o sustentáculo do SNS”.



“Um projeto educacional diferenciador” 

O médico de família Rui Costa, que preside às Jornadas juntamente com os seus colegas Paulo Pessanha e Manuel Viana, dirigiu-se às centenas de participantes presentes no Sheraton Porto e a muitas outras centenas que acompanhavam a sessão online, sublinhou que a “MGF é uma peça-chave, fundamental, na prestação de cuidados de saúde”.

Quanto ao evento, que vai na sua terceira edição, recordou o sucesso do primeiro ano, em 2019, e como tem sido um enorme desafio manter esses bons resultados num período tão condicionado pela pandemia. Em 2020, a solução foi promover uma reunião digital e, este ano, devido às restrições ainda em vigor, optou-se pelo modelo híbrido.


Rui Costa

“Foi a forma de chegar a um maior número de médicos de família em todo o país, independentemente da geração e da localização”, referiu Rui Costa. O responsável sublinhou que se mantém o objetivo inicial de as Jornadas serem “um valor acrescido, um projeto educacional diferenciador, que vai ao encontro das necessidades da MGF”.

Reconhecendo o seu sucesso desde o primeiro momento, disse que o mesmo acaba por ser “uma responsabilidade acrescida” por quererem manter-se como “líderes na mudança e na qualidade da educação médica” na especialidade.


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