Doença mental grave: iniciativa em Ourém promove «um mais eficiente encaminhamento dos utentes»

O diretor do Programa Nacional para a Saúde Mental, Álvaro Carvalho, é um dos oradores convidados que estará presente na sessão de abertura do seminário sobre saúde mental, que decorrerá em Ourém, no Auditório do Edifício-Sede do Município, dia 26 de janeiro.

Intitulado "Perspetivando a reabilitação e a reintegração na doença mental grave", o evento é organizado pelo Município de Ourém, através da Divisão de Educação e Ação Social. 


A iniciativa tem como objetivo "potenciar a articulação entre os técnicos e facilitar os canais de comunicação, para um mais eficiente encaminhamento dos utentes para a resposta mais ajustada". Por outro lado, a ação dá início a um ciclo de seminários e workhops "que permita a reflexão sobre as práticas e o conhecimento de novas ferramentas de intervenção nesta área".

Facilitar a reabilitação psicossocial e a reinserção social e profissional

Álvaro Carvalho recorda que, nas últimas décadas, tem ocorrido, em todos os países industrializados, "uma modificação da organização dos serviços de Psiquiatria e Saúde Mental, do modelo centrado em hospitais psiquiátricos para o referenciado a serviços integrados nas principais comunidades residenciais que assegurem a continuidade e a universalidade de cuidados com integração, orgânica e funcional, no sistema geral de saúde".



A propósito da sua intervenção sobre "Políticas de Saúde Mental" durante o XII Congresso Nacional de Psiquiatria, que decorreu no final do ano passado, o diretor do Programa Nacional para a Saúde Mental sublinha "a imprescindibilidade de apoio articulado pelas equipas comunitárias de saúde mental aos profissionais dos Cuidados de Saúde Primários".

Salienta que 
“Portugal foi um dos países que, em 1985, na 2.ª Conferência de Ministros da Saúde do Conselho da Europa, assumiu esse compromisso, que pressupõe que o internamento de doentes agudos, tal como o recurso aos serviços de urgência, ocorra em hospitais gerais e o ambulatório em estreita articulação com os CSP”.


Segundo o responsável, além de questões como os direitos humanos, "decorrentes do regime custodial e do tendencial ambiente desindividualizante dos tradicionais hospitais psiquiátricos", o grau de satisfação dos utentes com doença mental grave e seus familiares "é maior neste modelo, que, simultaneamente, torna mais viável a reabilitação psicossocial e a reinserção social e profissional”.


Maria Luísa Figueira e António Pacheco Palha.

O psiquiatra António Pacheco Palha, a quem foi prestada uma homenagem o ano passado, durante as Jornadas Nacionais Patient Care, vai marcar presença no evento. "Perspetiva histórica: da demência precoce ao tratamento depot" é o tema da sua palestra. De seguida, Luísa Delgado, diretora do Serviço de Psiquiatria do Centro Hospitalar Médio Tejo, partilhará a experiência do seu Serviço sobre a Doença Mental Grave.



Além da intervenção de especialistas de várias entidades, a iniciativa dá também voz a associações de doentes, como é o caso da Associação dos Familiares e Amigos dos Doentes Psicóticos ou da Federação Nacional de Entidades de Reabilitação de Doentes Mentais.

O programa pode ser consultado aqui.





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