Doença venosa crónica: cuidados de saúde primários «são fundamentais» para aliviar o sofrimento

A doença venosa crónica (DVC) é muito prevalente na população em geral, sobretudo no sexo feminino, e, segundo Armando Mansilha, professor convidado da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e diretor do Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular do Hospital Cuf Porto, “tem de ser tratada para evitar o aparecimento de complicações”.

“Em circunstâncias não residuais”, a doença tem um impacto importante na qualidade de vida dos doentes. No entanto, de acordo com o especialista, é muitas vezes subestimada quer pelos doentes, quer pelos médicos, sendo, por isso, frequentemente subdiagnosticada.


Em Portugal, com o aumento da esperança de vida, a DVC é cada vez mais prevalente em pessoas mais idosas, sendo, por isso, importante estar alerta para o facto de que, por vezes, nesta faixa etária, alguma da sintomatologia da doença (dor, sensação de peso e inchaço, cãibras) está associada à DVC e não a outras patologias.



Intervenção de Armando Mansilha durante o último Congresso da Sociedade Portuguesa de Angiologia e Cirurgia Vascular (SPACV), que se realizou entre os dias 16 e 18 de junho.

Cirurgia acessível a doentes de "todos os escalões etários" 

Armando Mansilha sublinha que, especificamente no doente idoso, hoje em dia, não existe qualquer razão que afaste as pessoas da possibilidade de tratamento, nomeadamente quando há indicação para cirurgia.

“Tal como em outras patologias, pode haver circunstâncias específicas associadas a um doente em particular, mas não é verdade que a partir de determinada idade o doente não pode ser operado”, afirma, desenvolvendo que, atualmente, "existem estratégias que permitem tratar os doentes pertencentes a todos os escalões etários".

Preservar o "património venoso"

O especialista acrescenta que, do ponto de vista terapêutico, "há muito armamentário que permite evitar a progressão da doença, aliviar a sintomatologia e prevenir complicações", como a trombose venosa associada à variz, a varicorragia (hemorragia por rotura de uma variz, espontânea ou após traumatismo), as manifestações dermatológicas ou a úlcera venosa.

“Com o diagnóstico precoce, o sofrimento é aliviado, previnem-se as complicações e preserva-se o património venoso”, refere, frisando que, atualmente, todas as estratégias cirúrgicas devem assentar no princípio de serem minimamente invasivas, em ambulatório, sem necessidade de anestesia geral, podendo os doentes regressar à sua atividade laboral no dia seguinte.


Armando Mansilha assume, atualmente, o cargo de vice-presidente da nova Direção da SPACV, presidida por José Daniel Menezes.

Reforçar interação da Cirurgia Vascular com a MGF

À semelhança do que acontece em todas as patologias, "os cuidados de saúde primários são fundamentais na DVC", pois, conforme recorda Armando Mansilha, é em primeiro lugar aos médicos de família que os doentes expõem a sintomatologia e são estes que confirmam o diagnóstico, através da realização de um exame físico, "durante o qual se procuram sintomas e sinais da doença para identificar a presença de refluxo ou potencial oclusão das veias".

Na sua opinião, “tem de haver da parte da Cirurgia Vascular, a nível dos hospitais, a total disponibilidade e abertura para interagir com os especialistas em MGF no caminho do tratamento da DVC".

E acrescenta: "É o médico de família que faz o diagnóstico, institui os primeiros cuidados, prescreve as meias elásticas e a terapêutica farmacológica, mas quando há indicação cirúrgica ou dúvidas sobre a sua realização é necessário referenciar aos cuidados hospitalares".

O especialista conclui referindo que, hoje em dia, já existem diversos instrumentos que permitem medir o impacto da DVC na qualidade de vida das pessoas.




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