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Endoscopia ginecológica: futuro da cirurgia laparoscópica passará pela robótica

Qual o papel da laparoscopia convencional versus outras abordagens laparoscópicas no tratamento das patologias ginecológicas? Esta foi uma das questões discutidas na 188.ª Reunião da Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG), organizada pela Secção Portuguesa de Endoscopia Ginecológica, presidida por Margarida Martinho, que teve lugar na Figueira da Foz.

Em declarações à Just News, Margarida Martinho mencionou que, além de ter como objetivo apresentar temas atuais acerca do tratamento das patologias ginecológicas por via laparoscópica e por via histeroscópica, pretendeu-se também estimular a discussão acerca destes temas entre os ginecologistas, em particular dos que estão mais dedicados à área da endoscopia ginecológica.



A responsável pela Unidade de Endoscopia Ginecológica do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Centro Hospitalar de São João destacou a realização de uma mesa-redonda que abordou as vantagens e indicações de novas abordagens em cirurgia laparoscópica, nomeadamente da robótica, da minilaparoscopia e da porta única versus a cirurgia laparoscópica convencional.

Segundo referiu, uma das conclusões foi que “o futuro da laparoscopia passará pela robótica”. “Atualmente, a cirurgia robótica tem a desvantagem de se associar a custos elevados, representando um investimento muito significativo, e também o facto de a evidencia científica não ter demonstrado, de forma cabal, as vantagens desta abordagem na maioria das cirurgias ginecológicas. A cirurgia oncológica parece ser aquela em que as vantagens da robótica são mais evidentes”, relatou.

“A aquisição deste equipamento é, atualmente, um investimento bastante importante, por isso, sobretudo num país como Portugal, essa decisão deve ser tomada de forma muito ponderada, pensando nos benefícios efetivos para o doente, e também sobre se estão reunidas as condições para a sua rentabilização”, acrescentou.

Pluvio Coronado, médico espanhol, foi um dos oradores desta mesa-redonda, tendo centrado a sua palestra na cirurgia laparoscópica robótica, abordagem que realiza regularmente no seu país, particularmente na área da Oncologia, onde, como referido anteriormente, parece ter vantagens.


Fernanda Águas, presidente da SPG, e Margarida Martinho.

A reunião teve também uma sessão dedicada à histeroscopia, na qual foram abordadas as vantagens e desvantagens da morcelação intrauterina e o tema “Como facilitar a cirurgia histeroscópica complexa”.

Margarida Martinho destacou a apresentação de temas atuais, como, por exemplo, a Neuropelviologia, “que tem vindo a consolidar-se como um novo conceito no âmbito da especialidade de Ginecologia”, mas também a sessão sobre o tratamento laparoscópico do prolapso dos órgãos pélvicos (POP), sobretudo considerando a controvérsia atual sobre a utilização, por via vaginal, de materiais sintéticos designados por redes.

Nesta sessão, abordaram-se as indicações para o tratamento laparoscópico e estratégias para minimizar as complicações destas intervenções e a importância da escolha das redes na correção do POP.


Antonio Lanhoso, Luis Ferreira Vicente e Margarida Martinho.

Discutiu-se também sobre o papel da ecografia ginecológica como facilitadora da cirurgia endoscópica, sobre o diagnóstico e tratamento de complicações das cicatrizes de cesariana com os nichos, e sobre a possibilidade de tratar por laparoscopia algumas patologias em mulheres grávidas (apendicite, quistos no ovário, por exemplo) que, de acordo com Margarida Martinho, “é cada vez mais uma abordagem a considerar nestas situações”.

Houve tempo também para a apresentação de comunicações orais e para a discussão de pósteres.

A reunião contou com cerca de 250 participantes, o que, na opinião da presidente da Secção Portuguesa de Endoscopia Ginecológica, é muito positivo, considerando o número de eventos científicos no âmbito da especialidade e que, teoricamente, se tratava de um evento “parcelar”, dedicado a uma área específica da Ginecologia, o que “revela a importância do tema no âmbito da especialidade”.





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