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Lombalgia nos cuidados primários: «sistema inovador de referenciação para Fisioterapia»

É já no próximo dia 8 de julho que serão apresentados, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, os resultados do SPLIT, "um novo sistema de referenciação para tratamento estratificado de fisioterapia em indivíduos com lombalgia que recorrem aos cuidados de saúde primários".

Em declarações à Just News, Eduardo Cruz, investigador responsável do projeto, fisioterapeuta e professor coordenador da Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Setúbal, explica o objetivo que motivou a equipa a desenvolver este trabalho:

"Melhorar a qualidade, os resultados clínicos e o custo-utilidade dos cuidados prestados em lombalgia nos cuidados de saúde primários (CSP), através da capacitação dos médicos de família e dos fisioterapeutas”.

O projeto SPLIT, que tem como lema "Personalizar para melhor tratar a lombalgia", é promovido pela Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Setúbal, em parceria com a Nova Medical School - Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa e a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, através do ACES Arrábida, onde tem vindo a ser implementado desde fevereiro de 2018.



Um modelo "mais eficaz e eficiente"

Eduardo Cruz refere que "o SPLIT é um projeto-piloto, desenvolvido sob a perspetiva de que um modelo interdisciplinar de tratamento estratificado para lombalgia é mais eficaz e eficiente do que modelos fragmentados e generalistas”.

Desta forma, indica, “o objetivo é a estratificação de indivíduos com um episódio de lombalgia em categorias de risco (baixo, médio e elevado) de desenvolverem sintomas persistentes e incapacitantes, maximizando a sua referenciação para tipologias de tratamento com maior custo-utilidade”.

Para o investigador, a implementação do novo modelo deve contribuir para melhorar os resultados clínicos, mas não só. “Também o custo-utilidade dos utentes em tratamento, assim como otimizar a distribuição dos recursos existentes em função da sua personalização e a redução do número de pessoas que após um episódio desenvolve dor persistente e incapacitante.”



O projeto SPLIT decorreu em três fases sequenciais. De início foi feita a "caracterização da prática atual de avaliação e tratamento desta condição, dos resultados clínicos e do custo-utilidade dos mesmos".

Numa segunda fase, "capacitou-se os médicos de família e os fisioterapeutas a implementar um modelo inovador de triagem e referenciação para tratamento estratificado de Fisioterapia a quem recorrer aos CSP".

Por fim, "comparou-se o novo modelo com a prática atual ao nível dos indicadores de qualidade do processo, resultados clínicos e custo-utilidade.”


Eduardo Cruz com outros elementos da equipa, igualmente fisioterapeutas, investigadores e docentes da ESS-IPS: Luís Gomes, Carmen Caeiro e Rita Fernandes

“Um problema de saúde pública global e urgente”

Eduardo Cruz realça a relevância deste projeto quando, em Portugal, a lombalgia é a patologia reumática e musculoesquelética mais prevalente. O fisioterapeuta afirma mesmo que se trata de “um problema de saúde pública global e urgente”. E indica porquê:

“Provoca incapacidade persistente ou recorrente por longos períodos de tempo, tem uma prevalência autoreportada de 26,4% e está associada a pior qualidade de vida, ansiedade e presença de sintomas depressivos, elevados encargos decorrentes do absentismo laboral, perda de produtividade, reformas antecipadas e elevado consumo de cuidados de saúde.”

O responsável relembra que a intervenção de primeira linha é a Fisioterapia, contudo, “o perfil de risco da pessoa não é tido em consideração, não existindo um sistema de referenciação capaz de diferenciar indivíduos de baixo, médio e elevado risco de desenvolver dor persistente e incapacitante”.

Afirma inclusive que, em Fisioterapia, “não há uma prática sistemática de tratamentos específicos e diferenciados, desenhados para modificar os fatores de risco presentes nos diferentes subgrupos de risco”.

Em suma, conclui, “existe uma sobreutilização de recursos para quem não necessita e ausência de resposta adequada a quem realmente precisa de apoio”.



A apresentação dos resultados do projeto SPLIT vai decorrer no dia 8 de julho, da parte da manhã, na Fundação Calouste Gulbenkian, sendo a entrada gratuita. A iniciativa destina-se a médicos de Medicina Geral e Familiar, fisioterapeutas, investigadores e outros profissionais de saúde, que trabalhem em contexto de cuidados de saúde primários.

A conferência inclui a realização de palestras, conduzidas por elementos da equipa de investigação do SPLIT, assim como uma sessão de debate com a intervenção de oradores de diferentes instituições, "procurando reforçar o alinhamento estratégico entre a academia e unidades de saúde iniciado no âmbito deste projeto".

Além de Eduardo Cruz, nesta mesa redonda estará presente Luís Pisco, presidente do Conselho Diretivo da ARS de Lisboa e Vale do Tejo, Isabel Pinto, presidente do Conselho Clínico e de Saude do ACES Arrábida, e Fernando Pimentel Santos, reumatologista do CEDOC - Centro de Estudos de Doenças Crónicas da Nova Medical School.
 
O programa do Encontro pode ser consultado aqui. Contacto: splitproject@ess.ips.pt




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